No
mês de janeiro de 1994, numa tarde ensolarada recebemos um telefonema anônimo
dizendo que Ayrton Senna estava em Assis. Naquela época trabalhava como diretor
de redação e fotografo em um jornal diário, "Gazeta do Vale". Achei estranho aquele telefonema,
mas a voz feminina do outro lado parecia estar falando a verdade. Mesmo assim
não acreditei, mas a curiosidade e a vontade de um provável furo jornalístico foi
maior. Nosso jornalista Cláudio Messias depois de vários telefonemas,
inclusive para a vizinha Candido Mota confirmou a notícia e apressadamente
segui então para o Aeroporto Estadual "Marcelo Pires Holzhausem" onde
Ayrton estaria. Logo que cheguei, encontrei o radialista Chico de Assis da
Radio Difusora de Assis que também havia recebido tal telefonema e teve a mesma idéia. Ficamos uns minutos com cara de "bobo", sentados nas
cadeiras no salão de entrada do aeroporto olhando um para o outro de vez em
quando, sem dizer
nada. A única palavra foi: Será? Depois de uns minutos não aguentei a ansiedade e fui me informar com
o então administrador do aeroporto, meu amigo Amaral. Para minha surpresa, ele
confirmou: "Aquele avião é do Ayrton Senna", e apontou para um bi
motor azul parado próximo a um hangar. Depois de muita conversa com Amaral
e outras pessoas que estavam por ali descobri que Ayrton estava na região a
convite de Ivo Guioti, piscicultor e agro pecuarista da região de Candido Mota.
Enquanto tirava mais informações, um veiculo chegou e... lá estava ele. Eu e o
radialista corremos para a pista. Um pequeno grupo de assisenses, que também
acreditaram no "impossível" foram chegando e se aglomerando perto do veículo
onde Ayrton conversava com Guioti, no banco traseiro (A Radio Difusora de Assis
tinha noticiado que Ayrton Senna estaria na cidade acreditando no telefonema
anônimo). Foi incrível!
Inacreditável! Fiquei por uns minutos olhando para nosso ídolo maior dando
autógrafos, atenciosamente na maior tranquilidade conversando com todos e
dando uma entrevista para o radialista.
Falei um pouco com
ele, dei um jornal Gazeta do Vale com matérias e fotos do kartismo, e Chico de
Assis falou pra ele que o Kart Clube de
Assis iria inaugurar uma pista que levaria seu nome. Aproveitei, e convidei ele
para a inauguração. Ayrton sorriu agradeceu o convite e a homenagem e prometeu que viria novamente para
nossa região, depois da primeira prova do campeonato de Formula 1, junto com
mais dois amigos pilotos, Gerhard Berger e Damon Hill. Ele ainda me perguntou se no kartodromo tinha condições de
aterrissar um helicóptero. Se tudo desse certo ele inauguraria a pista e
seguiria com os amigos para Candido Mota. Quando pedi a ele para mandar um
recado aos pilotos de Kart de Assis ele disse apenas: "peça para eles se
divertirem bastante". Neste instante Ayrton olhou para mim e exclamou: "vai
ficar só olhando? Não vai fotografar não, o do bigode?".Foi nesta hora que "me
toquei" e comecei a disparar a máquina meio sem ângulo aquele momento histórico. Até então fiquei
admirando ali, bem pertinho, o melhor piloto do mundo, tri campeão de Formula 1,
herói brasileiro. Foi o próprio Ayrton que
organizou as poses para as fotos enquanto caminhava para sua aeronave, um avião
Inglês novinho em folha.. Ninguém
ficou sem uma lembrança. A simpatia do campeão contagiou a todos. Infelizmente,
as fotos estão em preto e branco, mas o momento foi inesquecível. Depois da
morte de Ayrton, no dia 1º de maio daquele ano recebi centenas de
encomendas das fotos registradas naquele dia. Não sei porque, mas não tive
coragem de cobrar pelo meu trabalho.
Confira ao lado algumas fotos em preto e branco original e
colorizadas exclusivas em reprodução
digital desde
dia inesquecível.
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